quinta-feira, 30 de abril de 2009

... do melodrama.

Ainda sorrindo, pensava em como estender a satisfação. Era questão de externar, depositar todo o afeto no devido alvo. Era questão de descobrir se 'foi bom pra você?', de dizer que sim, de agendar a próxima e de todas as sutilezas do engatinhar. Sorrindo um pouco mais, pensava em como estender o otimismo. Era questão de querer abraçar, depositar todo o afeto no devido alvo. Era questão de dizer 'foi, foi, sim', de rir bem alto, em desatino, acompanhar o inocente fremer, de fremer, de cogitar três ou quatro cores naquele outono imposto.

Pretensão. Pura e incoerente pretensão. Tudo continuaria cinza.

Já não sorria. Balde de memória e reflexão. Aquela pedagogia toda ao acaso, sorrateira como todas as lições importantes, como todo rompante manuscrito, como toda boa-vinda a dor. Aquela entropia toda que sempre me cansava e consumia. aquela hipérbole toda que eu sempre juro, solene, outorgar. Aquele maldito relacionamento de fundo de gaveta. Sorrindo ainda menos, claro que não usado, aprático e em seu respectivo canto especial, deitou e arranhou as próprias costas. Tenta cravar as unhas que nem mesmo tem em si mesmo, na infrutífera pre ten são de expurgar esse desejo sujo de se entregar. Sofre por costume. Fracassa por costume. Escarra em si mesmo. Costume. Antes de dormir, por costume, tenta buscar satisfação. Balde vazio de memórias. Nada no fundo da gaveta. Que vontade de dançar um tango. Ah... que vontade de dançar um tango.

"Bicho solto, cão sem dono, menino bandido".