terça-feira, 6 de maio de 2008

... da locução ...

"Não me entenda mal, compreenda, acima de tudo, que o que virá depois disso não cabe no nicho mesquinho das explicações. Entende que isso não é uma vitória, muito menos uma derrota, não é um tango nem uma partida num tabuleiro de xadrez onde as peças somos nós. Aceite-me e procure encarar de frente, simples como é assim: só quero me perder no mundo, amor. Quero me perder. Preciso disso a tanto tempo e a tanto tempo venho afogando essa vontade em cada uma das encruzilhadas e tempestades dentro de mim. Quem sabe um dia possa te enviar postais de Calcutá, de Bagdá, Andaluzia, Budapeste, Missouri, e não pense que é alguma espécie de cartada final ou tentativa desprezível, cinza, desesperada, de me perder de você porque não, não é isso. Te tenho demais, te tive demais, me perdi na tua mente e nas tuas entranhas e no mais limpo e no mais íntimo e no mais sujo e condenável que possa haver em você. Passamos muito, muito tempo interiorizados, nos distanciando, sabendo demais sobre cada um de nós. Eu só quero uma estrada, doar meus sapatos, doar minhas roupas e oferecer pra Ogum, talvez. Minhas jóias e minha vergonha, doar, pra qualquer deidade de esgoto e partir. Meu bem, entende que pra não te perder a g o r a... só posso te deixar, e te deixando eu me procuro, não importa como; me jogo num rio e me resgato num bote laranja. Te escreverei nove vezes por semana e com cada carta te enviarei uma pedra azul-turquesa ou quem sabe pedaços desumanos de mim."

"Samuel, não quero que poste isso, nunca.
Diwa, é maior que eu... é todo teu."

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