segunda-feira, 28 de abril de 2008

... da conotação primária ...

É como se tudo fibrilasse. Suado, o dia foi-me escorrendo e melando a roupa. De um jeito insuportável, foi descorrendo e mutilando meus sentidos. Por conotação, toma-se duas doses do mesmo pedacinho do oriente - ah!, desse oriente eu não esqueço nunca. oriente que me pertence e a quem pertenço. Goteja, da boina, no cangote manchado, pintado. Eu - em vulgo, mesmo - queria poder correr pela chuva, suando [eu, mesmo. não o dia.], com uma sequência de números na palma da mão; sequência que eu quisesse lutar pra poder manter intacta, como o bastardo que eu nunca tive. Suado. Senti o gosto das gotas de suor na minha boca, não eram minhas. Era uma gota aguda, que cortou meu escrutínio como um tapa. Que caiu como uma sala com Albinoni e uísque pra eu poder fazer as minhas orgias internas. Que não passam de piadas secas e que, com o tempo, se não trocadas, perdem a graça, viram lugar-comum, ficam cinzas, rugosas e ecoantes. Não gosto de ecos. Nunca gostei. Saudosismo é a lei, sim, pra mim, mas não um que ecoe. O eco é uma versão distorcida pela resistência de alguma constante. Suei na trincheira. Queria guerra e corpos levantando. Romero é bom amigo. Quero um pedacinho de vidro fincado no meu pé pra que ele sangre em profusão. Vase. Pra que eu possa me sentir menos próximo de mim mesmo. Há tempos que não aguento me ver. Sinto-me no mesmo quarteirão de onde sempre estive. Jogo de tabuleiro. Seria divertido ? Com a dose, tudo é. Já subiu à cabeça, já não sai mais, parasita. Sempre gostei de parasitismo; tem um quê de dignididade afetada nessa relação. Se não o tivesse, a sociedade já estava em post mortem. Agonizando, só, agora.
Não importa. Não importo. Não me importa. Importo. Ex. Medular.
E o dia acabou. Agora, concordando com os pássaros, é outro dia. Outra leva de horas. Mais uma série de devaneios medíocres são produzidos dentro do meu crânio. O crânio se contrai com uma força. Bebida, só pode ser. Eu bebo pra esquecer quem sou eu; pra eu não ter vergonha de olhar nos olhos dos outros e saber que, quando vêem dentro dos meus, tem pintado algo que, de longe, não é monalítico, que não hipnotiza. Bebo ao fracasso. Brindo ao fracasso. Brindo sozinho ou com minha gente - 'conhecida' ou não. A minha gente que tá tão fodida quanto eu. A minha gente rancorosa, pesarosa e, ao mesmo, tempo, a-minha-gente-que-,-quando-o-amor-chamou-,-foi-e-vai-sempre-como-cachorrinhos-mas-coroados-como-reis-e-rainhas. A minha gente que não me entende e a quem não entendo. Essa gente que sua comigo. Que troca catapora, catarro, cigarro, cuspe e ódio. A minha gente que, como eu, logo morre. Ou seca, fodida.
Vai... vem balançar comigo. Vamos suar a camisa e trocar orvalho por suor, pus e humor da corte espanhola. Suado e vendo alguém com castanholas. Like some poetry reading. Vidro no pé. Like it when the red water goes out. Erm. Erm.

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