segunda-feira, 28 de abril de 2008

... duma nova sínquese ...

O Labirinto do Fauno. Assistido. Foi como idéia que existisse na cabeça e não tivesse a menor intenção de acontecer, mas aconteceu. Foi como começo de soluços, sorrateiro, mandrião.
Não importando, não entra em digreção. Não querendo incomodar, no canto da sala, observa quiasmos conjugais e um áspero perfume de catacrese. Debruçou, o pequerrucho, sobre si mesmo e sobre o cinzeiro, gotejou suor. Seu parasita adrenal percorre toda a espinha e o lembra que está sozinho, moribundo e picaresco. Pataca ? Certamente que não. Pende muito mais praquela dos globos de ressaca ou a tal dum Dirceu. Não está bem, parece.
Abraça a si mesmo numa tentativa vulgar - vulgar, sim, pelo contexto que não é escrito - de se ater às lembranças insólidas de algo que não tomou forma. Gotejou suor. Cinzas e cinzeiro, liga o ventilador. "Ai de mim!, que inferno que me meti". Devia estar cansado, afinal era tarde da manhã seguinte dum dia que nem havia começado. Me conta. Me conta.
Abriu a boca, lambeu, interrompendo o próximo gotejar, do suor. Sentiu aquele gosto que só nectar do Olimpo, catarro e fanta laranja podiam prover. Não conhecendo do primeiro, reluzia seu pedantismo fracassado, assindetizado e aliterado.
Está triste, hoje, gato ? Não devia escovar os dentes, estouvar aos modernistas e cessar a digreção que não pensava em iniciar ? Quieto. Não imperou, manteve-se. Sorriu pra mim, pelo espelho. Franzido o cenho, sorria com cara de "estou bavo". Ah!, que lindo que ficava. Mamãe dizia, ao menos. Aquietou-se, foi prum canto. Sujeitos.
Mostrei-lhe a mão extendida. "Pega, sai do transe". Quieto, quase sempre quieto, neutro, sério, cansado, aceitou. Disse, ao pé do meu ouvido que não tinha mais forças pra erguer bandeiras de fariseus e deuses falsos. Disse, pausada e arfadamente, que secara. Explorado, repousou no canto onde eu ficara, seco, antes. "Minha vez, não é ?", perguntei.
Enfim, secou. Parado, colorido, olhava para o borão cinza e nu que estava ali. Era eu, era ele, você e qualquer um que cogite. Sorriu, entendido, exausto. Gotejou uma lágrima de doçura. Desprezível.

Quem sabe o peito aberto, a ferida aberta e a palavra certa façam com que o doutor não reclame.

"Sorria. Sorria.
Sempre, amado, com cortesia.
Espasmos módicos, melancolia.
Sorria. Sorria.
Cortês desarmado, sempre.
Modus operandi, descendi."
[Bobagem Minha.]

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