segunda-feira, 28 de abril de 2008

... da integração póstuma ...

Estive vomitando num papel, sabe ? Levando a tinta de encontro a ele [o papel], fui juntando sílabras digressivas e sintaxes não tão conclusivas em uma maré do que eu achava ser eu. Tem sido difícil ser mim hoje em dia. Tem sido difícil encontrar-me no labirinto de mim's onde larguei meu eu, já não tão libidinoso, centrado ou carrasco. Os parágrafos de sutilidades inegavelmente parciais não me confortam, não fazem com que excrete toda a bile que ainda me falta excretar, expôr ou mesmo simplesmente re-experimentar. Regurgitofagia. Abracei memórias passadas. Eu, que não era tão uno, tenho entendido que o canto da sala ainda é parte da mesma sala. A iluminação e o mofo que mudam, a pele coberta por pústulas e assimetrias ainda é a pele que cobre o outro, no centro iluminado e frenteando a porta de entrada. Regurgitofagia. Vomitar e deglutir, depois, a fim de escolher os novos pensamentos, de sintetizar o que não nos é au pair, o que não pertencia ao modus operandi desejado - mesmo que desejado sobre bases de valores extremamente assimétricos, herdados e nada posteriores ou vanguardas. Enfim, vomitar o almoço empurrado pra escolher os restos mais apetitosos e sentí-los, novamente, depois, mais calmamente.
Sempre tive apreço por vômitos e secreções. Quando convivas, bêbados ou doentes, iam pintando os cantos das mais variadas e imprevisíveis cores, sentia imensa vontade de partilhar das sensações odoras da tinta natural que lhes esguichava goela afora, chão adentro, pele ao toque, língüa à tosse, beijo à garganta e outras. Impedíam-me sempre que possível; nem sempre o era, é claro. Cheirava, inalava, sentia pulsante e metaforizava em gozos dos mais variados. Entendia muitos dos porquês e, no final, era apenas mais experiência passável ou só indiscutível, mesmo. Ah!, as experiências. Sempre gostei de experienciações das mais variadas, discutíveis, não tão mecânicas ou esperadas ... óbvias ...
Tô ouvindo Rolling Stones e não acho pertinente falar sobre essa banda. Fizeram história. Que fiquem por lá.
Qualquer dia, tento digitar uma crônica por aqui, pra mim, porque ninguém tem lido - e eu gosto disso.

"I'm counting on you, lord ...
Please don't let me down"

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