segunda-feira, 28 de abril de 2008

... de um tempo sem novos ...

Latejou ao longo de todas as horas que discorreram, cansadas, como ele, que já não despertava mais. Monotonia que gotejava das calçadas, nuas, cruas, no seu rosto suado. Era ele e não mais o outro, que perdeu-se, como disse o tal do Vicente - ou era Vicentino ? Não importa -, que já tava perdido. A bola de hélio já não queimava a todos em seu majestoso cume, intocável, irregelável, inegável e a musa dos bardos e basillus cheirava lá no teto. Ponto de vista bonito, estudantes rumando à monotonia, jaula dos conformes e istas, impregnou-se de coragem. Retirou do bolso o Samsung preto e com seu dedo desgastado de unhas roídas, quebradiças e amareladas pelo cigarro do dia-a-dia, digitou um número nada aleatório; digitou um número que há muito desejava digitar, tocar, suar, banhar. Uma mixórdia de ganidos de transeuntes desgarrados atendera junto dele, que, ao ouvir o ganido de latejo que lhe dizia 'Alô', gaguejou. Podia ver seu sorriso e espanto nos veios da áura eletromagnética, podia sentir sua respiração arfando e, calmamente, acompanhando o ritmo da do interlocutor, poderia ouvir violoncelos e o estalar das velas na sala escura, que seria seguido pela masturbação brutal, sodomita. Mordiscava os lábios enquanto ouvia, era ouvido por lábios mordiscados. Impressão empata. Pragmatismo pretensioso. Excitação casta.

No fim, foi como os outros. Latejou, cansou, arrependeu e dormiu.

" Sem rimas. Tantas rimas, rompidas.
Sem sinas. Tantas sinas cumpridas."
[externo.]

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